sábado, 18 de dezembro de 2010

wordworld


"Pra mim, e isso pode ser muito pessoal, escrever é enfiar um dedo na garganta. Depois, claro, você peneira essa gosma, amolda-a, transforma. Pode sair até uma flor. Mas o momento decisivo é o dedo na garganta. E eu acho — e posso estar enganado — que é isso que você não tá conseguindo fazer. Como é que é? Vai ficar com essa náusea seca a vida toda? E não fique esperando que alguém faça isso por você. Ocê sabe, na hora do porre brabo, não há nenhum dedo alheio disposto a entrar na garganta da gente."
Caio F.


Não escrevo pra que seja bonito, não penso em métrica nem em rima. Nem escrevo pra você gostar, não crio rotinas pra isso. Só escrevo quando as palavras me rompem os poros da pele, me afundam os olhos e me amarelam os dentes - sensação estranha de ter palavras demais dentro de si. Escrever me faz ficar cara a cara com os sentimentos que eu mais escondo, que mais atrofio dentro de mim; e este é o gozo mais doloroso do qual já desfrutei. Ainda assim escrevo, por motivo nenhum além do fato de isto ser exatamente o que eu preciso. Só escrevo porque não há opção.


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