terça-feira, 3 de novembro de 2009

Geodo de Ametista

Os restos, e rostos - rotos - lampejavam diante das pálpebras esticadas quando ela olhava para dentro de si. Das poucas lembranças opacas que se desfaziam também querendo deixá-la, apenas os olhares apertados pelos sorrisos sinceros insistiam em permanecerem incrustados. Não haveria chuva ardente e ácida que tirasse dela o sabor agridoce de tantas, quantas, frustrações.
A partir daí era ela e o medo em um coito indecente; ela e o medo aspirando sonhos e diluindo-os no sangue escarlate. No anverso: muito pouco, no verso: o resto, e no inverso os sabores desertos que os ventos a obrigaram a ter. Havia, ainda, a negação aos olhares trocados com alguns entre a multidão; não à procura randon por amores em momentos de inspiração. Nada do que interioriza, esconde e trancafia o que, deformadamente, ainda se guardou de bom.
Apenas o medo preenchendo tudo o que não há, e nas veias a tinta da caneta que corre, e escorre pelos dedos a palavrear o papel. Encharcando de obscenidade imprópria a leveza sublime da escrita, pecando a cada letra, a cada passo, em cada uma das suas respirações opressas; afagando-se com as sobras do cheiro de abraços passados, e alimentando-se do pouco amor esmola que lhe cedem por dó e quase sem perceber. Expelindo de si toda uma crosta rudemente protetora, que guarda toda a sua cristalinidade aos que se aventurarem a.
Da pele esvaía-se o tom moreno, assumindo um amarelado fosco com escoriações esporádicas em roxo abatido, por cansaço. Do rosto o sorriso desavisado foi sugado violentamente. E ainda assim, o negro dos olhos continuava denso: caindo sem querer se apoiar como se aquela pessoa perdida por algum momento pudesse enfim ser ela mesma, e bastar.