domingo, 6 de dezembro de 2009

Por não poder

de que medo você tem?
18/02/08

um mundo inteiro de palavras já usadas
dos meus poucos prazeres naturais
da chuva que umedece o corpo
sem tocar mais fundo
pingos e respingos
absorvidos pela boca seca de não falar

as pessoas não gostam do escuro
e mal sabem que nunca viram o sol
tão satisfatório quanto um estupro
a pele é repelida da cama
por cada fio de algodão do lençol

de todos os reis para todos os servos
tesouro em forma de suposto perdão
formidável combate entre a esperança
e uma boca cuspindo o não

nove chaves imploradas em almejos
recusadas em outra ocasião
tudo derivando dos olhos negros
que transluziam a infalível própria companhia
também conhecida como solidão.

_

eu confesso que queimei cada palavra. e pior; queimei-as para que elas existissem ainda mais materializadas em mim, e porque não as deixo estar em outro plano que não no que sou. o fogo não faz nada desaparecer, apenas transforma; o destruído não deixa de existir, só deixa de ser como era. eu sei que fogo nenhum tiraria de mim tudo isso que vejo quando fecho os olhos, tudo o que não me deixa nem por um minuto e que faz parecer ínfimo o excesso de cocaína e algo mais.

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