sábado, 6 de junho de 2009

Contextualizando?


É bem capaz de este não ser o melhor momento pra que eu comece a me instigar a escrever, considerando que estou no final do semestre, que deveria estar estudando agora (os livros estão espalhados pela mesa como de costume) e que ainda tenho 3 trabalhos a serem feitos. Porém, qualquer um que me visse nestes últimos dias perceberia que eu estava implorando por isso, implorando por poder respirar um pouco menos de ecologia, sociologia e estatística - basicamente - para poder tratar do que tiver vontade no momento que for. Faz tanto tempo que não leio Lispector, Nietzsche, Schopenhauer, Machado...nem sei.
É confuso confirmar que tudo o que busquei ainda me sufoca mas "how am i not myself?" definitivamente já não faz sentido. Sim, parece que foi ontem que fugi(mos) de casa pra dormir do lado do mar, ontem que eu ia pra escola bêbada vomitar no banheiro mas o tempo passou antes que eu pudesse contabilizar todas as perdas e os ganhos, e essa descabida inconsequência já não me preenche por completa.
Desde quando me lembro tento aprender alguma coisa com aquilo que vivo, juntando restos e cacos tenho pouco mais que relações frustradas, decepções desmotivadoras, momentos tão divertidos quanto um momento pode ser, outros que por força maior só me lembro em partes, angústias, cicatrizes, alguns medos superados e outros criados pra por no lugar. Audácia a nossa acreditar que possuímos os sentimentos, e não que eles nos possuem.
Transbordo agora porque não quero mais me reprimir, não quero calar o que atormenta a minha cabeça, não quero e descobri que o "não querer" é tão passível de se concretizar quanto o "querer demais". Eu transbordo de uma forma em que minhas sobras e excessos não cabem neste mundo limitado que me impõem viver; mas não é disso que pretendo tratar aqui. Essa é apenas uma consequência que eu, com palavras, pretendo minimizar. Já não me importa o perfeccionismo lembrando que não sei fazer isso direito. Serão apenas relatos do que, independentemente da minha vontade, precisam existir em outro lugar que não apenas dentro de mim.
Pode ser bom deixar explícito que pretendo apenas me expressar, e aviso logo a quem interessar: eu não presto, mas estou exercitando a sinceridade custe o que custar.


"Almejo em torno deste palpável limite
desconsertar ainda mais meu interior
que apenas quebrado sabe funcionar

Estou cheia até a última curva,
repleta de coisas não ditas, não feitas,
de sensações assassinadas antes de virarem sentimentos,
estou cheia de sentir sem ter sentido,
cheia de transbordar no vazio dos outros.
Enveneno o legado que recuso
condenando, seja quem for o próximo,
a migrar comigo pelo escuro, 
e tal veneno o privará do tato

Porque nenhuma superfície de pêssego
compensa a cama de pregos que se fechou sobre mim."

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