quinta-feira, 13 de maio de 2010

mas os pássaros migram pro sul no inverno...

Para ler todos os dias antes do café:


Apertei meu corpo na cama, desengasgando o abraço que não te dei. Era uma agonia como estar andando na rua e do nada sentir vontade de escrever sem ter papel nem caneta. Andar na rua, sentir vontade de te abraçar sem te ver. Os meus olhos mal acompanhavam a velocidade branca-prata-preta nas avenidas, os faróis vermelhos que continuavam piscando sobre o preto das minhas pálpebras quando fechava os olhos me lembram o som do teu coração durante a noite, enquanto eu brigava com o sono pra poder te ouvir. Mas eu já andava levada pela brisa preguiçosa do começo da tarde, te procurando entre os rostos curiosos e intimidadores que escorriam enquanto passavam por mim. Eu não podia os ver sorrindo por dentro como via você. E não era nada espantoso; não me impressionava que eu não conseguisse sentir muita coisa com qualquer pessoa depois de ter sentido tudo aquilo contigo. Meu rosto dizia exatamente o que o lábio calava. E eu piscava os olhos rápido temendo alguma vez abri-los em um momento anterior, talvez enquanto você dava um daqueles sorrisos espontâneos que eu esperei surgir em tantas outras pessoas - mas que nunca vieram. O problema, na verdade, estava no meu medo sendo afagado pela distorcida recém-adiquirida capacidade de tentar mudar a realidade de que o meu único bom relacionamento era com a Sra. Stolichnaya.

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